SÃO PAULO – Mais uma vez em 2021 os investidores focam suas atenções para uma “Super Quarta”, com as decisões do Comitê de Política Monetária (Copom) e do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc). E, apesar dos resultados já serem esperados, os comunicados serão acompanhados de perto.
Vale destacar que essa “Super Quarta” tem um ingrediente a mais no noticiário doméstico, com outro evento que será acompanhado de perto pelos investidores: está marcada para ocorrer nesta quarta-feira (16) a votação no Senado da Medida Provisória que viabiliza a privatização da Eletrobras (saiba mais clicando aqui e aqui).
Enquanto isso, às 15h (horário de Brasília), os diretores do Federal Reserve divulgam a decisão de juros nos Estados Unidos, com a expectativa de manutenção das taxas na faixa entre 0% e 0,25%, além de deixar inalterada a compra de US$ 120 bilhões por mês em ativos.
Porém, diante dos dados recentes de inflação mostrando forte alta, analistas e investidores têm questionado se o banco central americano poderia antecipar a alta dos juros, além da possibilidade de alterar seu programa de compras.
“O Fomc poderá já trazer o debate do início da redução das compras de ativos, frente às surpresas altistas com a inflação e à consolidação da melhora da economia. Ainda assim, deve manter sua leitura de que as pressões da inflação são essencialmente temporárias, trazendo as restrições de oferta como elementos a serem observados”, avalia a equipe do Bradesco.
Já os analistas da SulAmérica destacam que as atualizações das projeções do Fed serão muito importante de acompanhar, principalmente para inflação e juros. A projeção é que conforme o cenário mostra vigor da economia, resultando em avanço no emprego e alta da inflação, boa parte dos membros do Fed deve projetar um aumento de 25 pontos base no juro básico no final de 2023, sendo que em março os dirigentes projetavam a alta apenas em 2024.
Porém, mais do que a questão dos juros, tem se discutido muito a questão sobre o programa de compras de ativos, que deve gerar um debate delicado entre os integrantes do Fed. A estratégia ajudou a proteger uma economia abalada pela crise, mas deixou uma montanha de títulos que pode permanecer em seu balanço pelos próximos anos.
O início dessa discussão deve ocorrer nesta reunião e acontece em um cenário bastante diferente do que da última vez, há oito anos, quando o Fed estava mais temeroso de possuir uma fatia tão substancial do mercado de títulos.
O risco de outro “taper tantrum” – a turbulência do mercado que eclodiu em 2013, quando autoridades do Fed sugeriram, pela primeira vez, a ideia de reduzir a compra de títulos após a Grande Crise Financeira – parece remoto desta vez, conforme os integrantes do bc americano hoje tomam muito cuidado com as sinalizações e comentários sobre o tema (veja mais clicando aqui).
Fim do “ajuste parcial” da Selic
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Mais tarde por aqui, a partir das 18h30 (horário de Brasília), será a vez do Copom apresentar a nova Selic, com o mercado projetando uma nova alta de 0,75 ponto percentual, levando a taxa básica de juros para 4,25% ao ano, de acordo com consenso Bloomberg.
Expectativa essa que foi reforçada após a surpresa altista do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) na semana passada, combinada com as revisões positivas para o Produto Interno Bruto (PIB) nacional.
Para o Bradesco, a decisão “deve ser acompanhada de uma reavaliação do Banco Central, indicando que o ajuste da taxa de juros pode ir além do ‘parcial’, esperado inicialmente”.
A equipe da XP, que concorda que o BC deve retirar a sinalização do “ajuste parcial”, explica que isso se dá especialmente “porque o hiato do produto estimado pelo Copom parece agora já fechar no primeiro semestre de 2022, não fazendo sentido manter estímulo monetário adicional para aquele ano”.
Além disso, os analistas ressaltam que, o balanço de riscos em torno desta projeção deve se manter altista. “Nós acreditamos ainda que o Copom manterá a indicação de uma alta adicional de 0,75 p.p. para a reunião seguinte”, afirmam.
Para o Itaú, apesar da tendência de mais altas de juros, a discussão sobre os próximos passos do BC terá como novo elemento o movimento recente de apreciação do real, que reduz a pressão por aumentos adicionais na Selic.
Mesmo assim, os analistas esperam a sinalização de nova alta de 0,75 p.p., o que ainda deve contribuir para o fortalecimento do real, que segundo eles se apresenta como o principal mecanismo de desinflação disponível no curto prazo.
Segundo a XP, será importante ficar de olho no balanço de riscos, conforme dois temas preocupam. O primeiro é a alta recente da inflação no atacado (IPAs), que tem puxado o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) e deve continuar nos próximos meses. Enquanto isso, a piora dos reservatórios hidrológicos também preocupa com o preço da energia também subindo neste cenário.
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Por outro lado, a apreciação do câmbio, as melhores condições de liquidez global e o alívio fiscal ajudam no lado “dovish”, mas que, segundo os analistas, deve ter menor peso na avaliação do Copom, o que justifica a visão deles de que a Selic deva subir até 6,5% este ano.
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