O dólar comercial emendou a sétima queda nesta quinta-feira (3), de 0,25%, fechando a R$ 4,832 na venda. É o menor valor em mais de dois anos, desde 13 de março de 2020 (R$ 4,816). O Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores brasileira (B3), encerrou em sua sétima alta seguida, de 1,36%, aos 119.052,91 pontos. É o maior nível em quase sete meses, desde 1º de setembro de 2021 (119.395,6 pontos).
Com o desempenho de hoje, o dólar tem a maior sequência de desvalorizações diárias desde 22 de abril do ano passado, quando a moeda também caiu por sete dias seguidos.
O mercado brasileiro aproveita a entrada contínua de recursos em meio à alta na taxa básica de juros, a Selic, e à disparada nos preços das commodities, como petróleo e ferro.
O valor do dólar divulgado diariamente pela imprensa, inclusive o UOL, refere-se ao dólar comercial. Para quem vai viajar e precisa comprar moeda em corretoras de câmbio, o valor é bem mais alto.
Maior sequência de quedas para o dólar
Segundo Bruno Mori, planejador financeiro da Planejar, a baixa do dólar nos últimos dias é apenas continuação de um movimento observado desde o início do ano, com a moeda norte-americana acumulando queda de mais de 13% em 2022. "O fluxo de investimentos estrangeiros para ativos financeiros brasileiros está muito forte, em primeiro lugar porque a taxa de juros está muito mais alta do que no exterior", explicou ele.
A taxa Selic começou a subir há um ano, saindo de uma mínima histórica de 2% para o patamar atual de 11,75%. O Banco Central indicou na ata de sua última reunião e em seu Relatório Trimestral de Inflação, divulgado mais cedo, que promoverá mais um ajuste de 1 ponto percentual nos juros em maio, a 12,75%.
Dessa forma, o Brasil oferece a investidores em renda fixa retornos extremamente atraentes, principalmente quando comparados aos rendimentos de economias avançadas, como os Estados Unidos, que estão apenas começando a normalizar sua política monetária. Na semana passada, o Federal Reserve elevou seus juros em 0,25 ponto percentual, ante patamar próximo de zero.
Nesse contexto, gestores de fundos "acabam entendendo o Brasil como uma alternativa acessível, barata e com um risco que, por enquanto, vale a pena", afirmou Mori, acrescentando que o fluxo de recursos para os ativos domésticos "está aproveitando que a turbulência das eleições presidenciais ainda não começou".
Participantes do mercado também têm apontado a valorização de várias commodities desde o início da guerra na Ucrânia como fator de impulso para o real e outras moedas latino-americanas —como pesos chileno e colombiano e sol peruano. Isso porque são moedas de países exportadores de uma região vista como menos vulnerável às tensões geopolíticas.
Nesse contexto, Mori disse que é difícil enxergar um piso próximo para a desvalorização do dólar, mas disse ver os R$ 4,50 como forte limite mínimo.
Ele não descartou, no entanto, a possibilidade de haver eventuais valorizações. "Movimentos muito rápidos de queda tendem a ser corrigidos com algumas altas posteriores em alguns dias."
*Com Reuters
Dólar cai a R$ 4,832, menor valor em dois anos; Bolsa emenda sétima alta - UOL Economia
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