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Sunday, May 22, 2022

Inflação tira carne, leite e óleo do carrinho de supermercado do brasileiro - UOL Economia

A inflação de mais de 12% acumulada no último ano tem obrigado consumidores a deixar de comprar até produtos mais básicos, segundo mostra um levantamento da empresa de inteligência de mercado Horus. Itens como carne de boi, leite longa vida e óleo estão menos presentes nos carrinhos de supermercado em comparação com abril do ano passado. No mesmo período, também houve aumento no preço médio desses produtos.

A partir da análise de 35 milhões de notas fiscais em todo o Brasil, a Horus verificou que, no mês passado, o leite estava presente em 14,2% dos carrinhos. Em abril de 2021, essa incidência era 1,7 ponto percentual maior, de 15,9%. No mesmo período, o preço médio do litro passou de R$ 4,29 para R$ 7,25 —um aumento de quase 69% em um ano, ainda de acordo com a pesquisa.

O cenário é semelhante para o óleo e para a carne bovina: a presença do primeiro nos carrinhos de supermercado passou de 7,1% para 6% em um ano; da segunda, de 5,9% para 5,3%. Ao mesmo tempo, o valor médio do litro de óleo foi de R$ 9,60 para R$ 16,81 (+75,1%), enquanto o quilo da carne saltou de R$ 29,66 para R$ 31,47 (+6,1%). (Veja todos os números abaixo)

"A inflação está muito difusa, muito espalhada nos produtos. Vai ficando uma situação difícil para o consumidor, porque vai atingindo aqueles produtos mais básicos. Está tudo muito caro", disse ao UOL Luiza Zacharias, diretora de Novos Negócios da Horus.

  • Incidência nos carrinhos (abr/21 - abr/22)

Leite longa vida: 15,9% - 14,2%
Óleo de cozinha: 7,1% - 6%
Carne bovina: 5,9% - 5,3%

  • Preço médio por litro ou quilo (abr/21 - abr/22)

Leite longa vida: R$ 4,29 - R$ 7,25
Óleo de cozinha: R$ 9,60 - R$ 16,81
Carne bovina: R$ 29,66 - R$ 31,47

Menos produtos x estoque

Luiza Zacharias explica ainda que a alta generalizada dos preços criou uma situação "quase paradoxal": enquanto as famílias mais pobres estão comprando menos produtos, aquelas com mais recursos têm preferido fazer estoque, adquirindo determinados itens em grande quantidade e de uma só vez, para se proteger da inflação.

É o caso do feijão e do azeite: a incidência média desses itens é menor agora do que em abril de 2021, mas o número de mercadorias compradas aumentou. Esse cenário "sugere menos carrinhos com os produtos, porém em maiores quantidades, para abastecimento", segundo a pesquisa da Horus. (Veja todos os números abaixo)

"Quem está com dinheiro muito curto vai reduzindo a quantidade e a frequência de consumo de alguns itens, porque a renda não comporta o mesmo que comportava há um ano. Ao mesmo tempo, as famílias que têm uma condição um pouco melhor voltaram a fazer aquela compra do mês que se fazia antigamente, para fugir um pouco da inflação", analisa a especialista

  • Incidência nos carrinhos (abr/21 - abr/22)

Feijão: 4,7% - 4,6%
Azeite: 1,9% - 1,4%

  • Quantidade média de itens comprados (abr/21 - abr/22)

Feijão: 2,1 - 2,2
Azeite: 1,2 - 1,3

As famílias com mais recursos começam a buscar embalagens mais econômicas, com maiores quantidades, para se proteger da alta dos preços, porque não sabem se dali a mês vão conseguir comprar a mesma quantidade de coisas.
Luiza Zacharias, da Horus

Cesta básica mais cara

Um levantamento feito pelo UOL na semana passada já havia mostrado como a inflação está atingindo fortemente produtos considerados primários, como aqueles que integram a cesta básica.

A batata inglesa foi o item que mais subiu entre março e abril, saltando 18,28% no período, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). O tomate, que já foi vilão da inflação, também teve forte alta: 10,18%.

O preço do leite longa vida subiu 10,31% entre março e abril —a segunda maior alta entre os produtos que compõem a cesta básica. O leite em pó também ficou mais caro, mas com variação bem menor, de 1,6%.

A banana ficou mais barata no mês passado, ainda de acordo com o IBGE. As quedas variam de 2,37%, no caso da banana d'água, a 8,46% para a banana-maçã. Apenas a banana-da-terra registrou alta (3,96%).

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