Faltando menos de uma semana para a reunião da família para o almoço de Páscoa, os brasileiros que ainda não foram às compras vão amargar um preço mais salgado quando decidirem procurar os produtos típicos para a data. De acordo com cálculos da FGV (Fundação Getulo Vargas), a cesta de consumo tradicional para a Páscoa ficou 12% mais cara do ano passado para cá, patamar quase três vezes superior à inflação do mesmo período (4,8%).
Entre os alimentos que mais subiram no acumulado dos últimos 12 meses, destacam-se os ovos de galinha (27,3%), a cebola (22,8%) e alguns itens industrializados, como o bolo pronto (14,5%), o atum (13%), a sardinha em conserva (11,5%) e o bacalhau (10,9%).
No período, os preços dos bombons e chocolates também tiveram aumento expressivo, de 9,6%. Segundo a FGV, nenhum dos itens da cesta recuou nos últimos 12 meses, e apenas dois subiram menos do que a inflação geral: a batata inglesa e a couve, ambos com alta de 2,23%.
Matheus Peçanha, pesquisador responsável pelo estudo, avalia que o resultado reflete as adversidades que atingiram a economia nacional nos últimos anos. Ele recorda que a última “entressafra” do leite foi danosa para a inflação do produto, matéria-prima importante dos chocolates.
"Desde 2020 até o terceiro trimestre do ano passado, vivemos um período de pressão sufocante de custos: problemas climáticos, forte desvalorização cambial, problemas energéticos, logísticos, entre outros, afetaram a oferta de vários alimentos no país”, explica Peçanha.
O pesquisador afirma que nos últimos nesses de 2022 a alta dos preços começou a perder ritmo, mas o movimento não foi suficiente para reduzir a inflação acumulada do período anual. Problemas esporádicos de oferta, com o encarecimento da cebola e dos ovos, pesaram no bolso das famílias.
Atenção na hora das compras
Peçanha alerta o consumidor para ficar atento aos preços praticados no comércio nos próximos dias. Segundo ele, a pesquisa não mostra o valor definitivo que o consumidor vai encontrar.
"Além do aumento já registrado de 5,18% do pescado fresco e de 10,91% do bacalhau, os preços desses itens tradicionais podem subir mais ainda, dada a pressão sazonal da demanda às vésperas da Páscoa", diz o economista.
O pesquisador reforça ainda que a cesta pesquisada não contempla os ovos de Páscoa e as colombas pascais, que tendem a sofrer igualmente com a pressão dos preços originada pela maior procura, devido à "tradição” da data.
Alimentos típicos da Páscoa ficam mais caros, e preços aumentam três vezes mais do que a inflação - R7
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