SÃO PAULO – O Ibovespa Futuro abre entre perdas e ganhos nesta quarta-feira (16) com os investidores atentos às decisões de juros do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) à tarde e do Comitê de Política Monetária (Copom) depois do fechamento da Bolsa.
Enquanto no Brasil se espera que o Banco Central eleve a taxa básica de juros, Selic, em 0,75 ponto percentual, para 4,25% ao ano, para conter o avanço da inflação (que já atingiu 8% em 12 meses de acordo com o último dado oficial), nos Estados Unidos as expectativas são de manutenção da banda entre 0% e 0,25% ao ano. Isso apesar de na semana passada ter sido divulgado o Índice de Preços ao Consumidor (CPI, na sigla em inglês), que subiu a 0,6% em maio, chegando a 5% na base anual.
Os investidores globais, contudo, estão atentos a sinais hawkish no comunicado do Federal Reserve. Pode haver ao menos uma indicação sobre quando o banco central americano começará a reduzir suas compras mensais de títulos para injetar liquidez na economia dos EUA.
No radar local, o presidente Jair Bolsonaro disse na véspera que o Bolsa Família reformulado pagará R$ 300 em média para os beneficiários. O valor é maior, contudo, do que está sendo gestado dentro do próprio governo. Na segunda-feira, os jornais destacavam que o valor médio do benefício deveria ser em torno de R$ 250.
Também na política, hoje é possível que o Senado vote a Medida Provisória que trata do processo de privatização da Eletrobras (ELET3; ELET6).
Vale lembrar que hoje tem vencimento de contratos futuros sobre o índice, de modo que a partir de amanhã o Ibovespa Futuro será o contrato para agosto.
Às 9h15 (horário de Brasília), o contrato futuro do Ibovespa com vencimento em junho de 2021 tinha leve queda de 0,16%, a 129.800 pontos.
Enquanto isso, o dólar comercial opera em baixa de 0,16% a R$ 5,034 na compra e a R$ 5,035 na venda. Já o dólar futuro com vencimento em julho recua 0,1% a R$ 5,045.
No mercado de juros futuros, o DI para janeiro de 2022 opera estável a 5,39%, o DI para janeiro de 2023 tem alta de um ponto-base a 6,98%, o DI para janeiro de 2025 fica estável a 7,98% e o DI para janeiro de 2027 registra variação positiva de dois pontos-base a 8,44%.
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Voltando ao exterior, os sinais de alta na inflação dos EUA têm feito com que alguns analistas defendam que o Fed repense sua política monetária expansionista – a instituição vem comprando US$ 120 bilhões em títulos mensalmente, à medida que a economia continua a se recuperar da pandemia.
Outros têm, no entanto, uma visão diferente. Em entrevista à CNBC, Brad McMillan, investidor chefe na Commonwealth Financial Network avaliou: “na comparação de dois anos, a inflação ainda está no patamar normal para a última década. Os números de um ano podem ser enganadores… Quando se olha com cuidado em janela de tempo e componentes, a inflação não chega perto de ser tão ruim quanto os números das manchetes sugerem”.
Já na Ásia, foram divulgados dados indicando alta de 8,8% na produção industrial da China em maio, em comparação com o mesmo período do ano anterior. O patamar ficou abaixo do patamar de 9,8% de abril, e representou uma leve frustração frente a expectativa de analistas ouvidos pela agência internacional de notícias Reuters, de alta de 9% na comparação anual.
As vendas no varejo aumentaram 12,4% em maio na comparação anual, frente à previsão de alta de 13,6% de analistas ouvidos pela Reuters.
Na Europa, estatísticas oficiais indicaram que o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) do Reino Unido subiu em maio 2,1% na comparação anual, frente à expectativa de alta de 1,8%. E 0,6% na comparação mensal, frente à expectativa de alta de 0,3%.
Covid no Brasil
Na terça, a média móvel de mortes por Covid em 7 dias no Brasil ficou em 1.980, alta de 6% em comparação com o patamar de 14 dias antes. Em apenas um dia, foram registradas 2.760 mortes, o maior número para um dia desde 5 de maio.
As informações são do consórcio de veículos de imprensa que sistematiza dados sobre Covid coletados por secretarias estaduais de Saúde no Brasil, que divulgou, às 20h, o avanço da pandemia em 24 h.
A média móvel de novos casos em sete dias foi de 72.193, alta de 14% em relação ao patamar de 14 dias antes, e a maior média desde 1º de abril. Em apenas um dia foram registrados 88.992 casos.
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Chegou a 56.913.618 o número de pessoas que receberam a primeira dose da vacina contra a Covid no Brasil, o equivalente a 26,88% da população. A segunda dose foi aplicada em 23.842.785 pessoas, ou 11,26% da população.
Em fala à CPI da Covid na terça, o ex-secretário de Saúde do Amazonas Marcellus Campêlo disse que telefonou no dia 7 de janeiro ao então ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello, para avisar da crise de falta de oxigênio em Manaus. Isso contradiz as informações dadas por Pazuello aos senadores.
“No dia 7 (de janeiro) foi a ligação para pedir apoio logístico para Belém e de Belém para Manaus. No dia 10 informei ao ministro a preocupação com as entregas da White Martins e a partir do dia 11 os representantes do Ministério da Saúde começaram a tratar diretamente com a empresa essa logística”, afirmou Campêlo. Uma carta enviada pela empresa em julho de 2020 ao governo do Amazonas já alertava para o risco de falta de oxigênio.
Em seu depoimento à CPI, Pazuello havia alegado que ficara sabendo da crise apenas no dia 10 de janeiro, apesar de documentos do Ministério da Saúde enviados à comissão mostrarem que o aviso fora feito de fato no dia 7. O ex-ministro alegou que o telefonema do dia 7 foi apenas para pedido de apoio logístico, mas não havia dado a dimensão da crise.
Ao ser perguntado se Pazuello teria mentido, Campêlo respondeu: “O fato é que eu liguei para ele no dia 7.” No início do ano, houve em Manaus lotação de hospitais e falta de oxigênio para unidades de terapia intensiva e semi-intensiva. O auge da crise aconteceu entre os dias 14 e 15 de janeiro, mas no início do mês o Estado já registrava os sinais de que o oxigênio iria acabar.
Campêlo também afirmou que a secretária Gestão do Trabalho e Educação no Ministério da Saúde, Mayra Pinheiro, conhecida como Capitã Cloroquina, visitou Manaus pouco antes da falta de oxigênio e do colapso, e insistiu em remédios sem eficácia cientificamente comprovada contra a Covid.
A convocação de gestores estaduais é reivindicação de senadores governistas, que pedem a investigação de supostos casos de corrupção envolvendo recursos enviados pela União e outros problemas locais de gestão, reduzindo desta forma o enfoque da CPI sobre o governo federal. O ex-secretário Campêlo foi alvo de ataques tanto de senadores governistas quanto da oposição.
Na terça, o ministro Nunes Marques, do Supremo Tribunal Federal (STF), concedeu ao ex-governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, o direito de não comparecer à CPI da Covid, como estava previsto para esta quarta de manhã. Witzel sofreu impeachment, e responde por suspeita de corrupção e desvio público da área da saúde em sua gestão durante a pandemia de Covid. Sua defesa argumentou que a convocação seria “subterfúgio ilegal”, já que obrigaria Witzel a falar sobre assuntos a respeito dos quais já é investigado ou processado.
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Apesar da decisão favorável do STF, Witzel deve comparecer, segundo informações do portal G1. Ele terá o direito de ficar calado, não precisará assumir o compromisso de dizer a verdade, e poderá ser acompanhado por um advogado.
Segundo documentação obtida pela agência internacional de notícias Reuters, no dia 4 de junho o secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, Arnaldo Correia de Medeiros, assinou uma carta de intenção de compra da vacina de dose única Convidecia, desenvolvida pelo laboratório chinês CanSino. O país pretende comprar 60 milhões de doses da Belcher Farmacêutica do Brasil, farmacêutica com sede em Maringá (PR) que representa a CanSino no país. Segundo o documento, a vacina custará US$ 17 por dose.
Na terça, a Câmara aprovou um projeto que cria o Programa Pró-Pesquisa-Covid-19, com aplicação enquanto perdurar a necessidade de pesquisas relacionadas à mitigação da Covid-19 em território nacional. Editada na intenção de incentivar pessoas jurídicas a utilizarem recursos próprios para apoio à pesquisa, desenvolvimento e inovação relacionada, direta ou indiretamente, à mitigação dos efeitos da Covid-19, a proposta ainda terá de ser analisada pelo Senado.
Bolsa Família, bandeira tarifária, arrecadação e PIB
O presidente Jair Bolsonaro afirmou na véspera que o novo Bolsa Família pagará R$ 300 em média para os beneficiários do programa. Em entrevista à SIC TV, afiliada da TV Record em Rondônia, ele citou que a inflação de produtos que compõem a cesta básica ficou “em torno de 14%”, e alguns itens chegaram a subir 50%.
“O Bolsa Família, a ideia é dar um aumento de 50% para ele em dezembro, para sair de média de R$ 190, um pouco mais de 50% seria (o aumento), para R$ 300. É isso que está praticamente acertado aqui”, disse o presidente. O valor é maior, contudo, do que está sendo gestado dentro do próprio governo. Na segunda-feira, o Estadão apurou que o valor médio do benefício deve ser em torno de R$ 250.
Na entrevista, Bolsonaro afirmou que hoje “está na casa dos 18 milhões de famílias que recebem o Bolsa Família” (na verdade, são 14,7 milhões, segundo dados de maio do Ministério da Cidadania) e ponderou que se trata de um número “bastante grande”.
“Pesa para a União, mas nós sabemos da dificuldade da nossa população. Então a equipe econômica já praticamente bateu o martelo nesse novo Bolsa Família a partir de dezembro, de R$ 300 em média”, reafirmou. Bolsonaro disse ainda que o auxílio emergencial deve ter uma prorrogação de “mais duas ou três parcelas” de R$ 250 em média e que a medida precisa ser feita “com responsabilidade”.
Já O Globo informa que, para acomodar os gastos com o novo programa, a equipe econômica retoma a ideia de rever despesas em outras áreas – inclusive em programas mal avaliados, como o seguro-defeso. A implementação do novo Bolsa Família depende também de uma alteração na lei complementar 173, que proíbe a criação de despesas obrigatórias até o fim deste ano.
Ainda em destaque, em audiência na Comissão de Minas e Energia da Câmara dos Deputados na quarta, o diretor-geral da Aneel, André Pepitone, afirmou que o órgão vai definir até o fim de junho os valores das bandeiras tarifárias, que elevam a conta de luz em períodos de custos adicionais devido ao acionamento de usinas termelétricas. Ele afirmou que a bandeira vermelha 2, que estabelece o valor adicional mais alto, deve ultrapassar a marca de 20%, que foi o percentual apontado inicialmente em consulta pública da Aneel.
Diante da seca histórica nos principais reservatórios do país, o governo deve precisar recorrer ao maior uso de usinas térmicas, que têm um custo de geração mais alto, repassado aos consumidores por meio das bandeiras tarifárias, criadas em 2015. “Com certeza, esse valor ainda deve superar um pouco os R$ 7, os 20%” apresentados em março, afirmou Pepitone.
Além disso, durante a audiência o presidente do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) Luiz Carlos Ciocchi, afirmou que uma possível paralisação da Hidrovia Tietê-Paraná é “necessária”. Segundo dados do ONS, a paralisação total da hidrovia, uma das principais do país, geraria um ganho de 1,61% de energia armazenada. Também foi apresentado um cenário de redução do calado dos navios que resultaria em ganho de 0,5% de energia armazenada.
Além disso, entrou em pauta no plenário virtual do STF uma ação movida por grandes consumidores que questionam a cobrança pelos estados de alíquotas iguais ou superiores às impostas a artigos supérfluos, como bebidas alcoólicas. A ação definirá as alíquotas diferenciadas do ICMS sobre serviços de energia elétrica e telecomunicação.
Até o momento, de 11 ministros três votaram pela alíquota de 17%, que é aplicada de forma geral pelos governos, em vez da de 25%. No sábado, Gilmar Mendes pediu vista do processo. Ele tem um mês para devolver a peça. Segundo o jornal Valor Econômico, os governos se articulam para tratar da questão, que pode ter forte impacto nas contas públicas.
E um relatório da agência de risco Moody’s divulgado na terça projeta que o PIB do Brasil crescerá em torno de 4,9% em 2021, após a recessão observada em 2020 como resultado da pandemia da Covid-19. De acordo com a Moody’s, o país ainda tem potencial de crescimento adicional neste ano se o ritmo de vacinação se acelerar, o que apoiaria “positivamente uma recuperação do setor de serviços na segunda metade do ano”.
“Esperamos que a distribuição contínua das vacinas acelere o retorno para uma atividade mais normal, sustentando taxas de crescimento elevadas na segunda metade do ano”, afirmou a Moody’s em seu relatório. Atualmente, a Moody’s atribui rating “Ba2” para o país, com perspectiva estável, abaixo do grau de investimento.
O documento também projeta que, no médio prazo, o crescimento econômico vai se estabilizar em torno de 2,5%, em linha com a estimativa da agência para o crescimento potencial da economia do país.
“No médio prazo, o progresso na agenda de reforma estrutural e a pressão do governo pela privatização e para expandir o investimento do setor privado em projetos de infraestrutura apoiarão um maior crescimento sustentável”, disse a agência.
A agência também voltou a classificar como “negativa” para o perfil de crédito do país a decisão do governo de excluir gastos adicionais com o enfrentamento da crise da Covid-19 do mecanismo do teto de gastos. No entanto, o forte desempenho de resultados pelo lado da receita, bem como um montante “relativamente moderado” de gastos, fazem com que o impacto sobre o resultado fiscal seja “contido”, disse a Moody´s.
O teto de gastos, criado em 2016, determina que o aumento de gastos federais do ano corrente seja limitado à inflação medida pelo IPCA acumulado em 12 meses até junho do ano anterior.
A Moody’s também avaliou que a aproximação das eleições e os persistentes ruídos políticos podem limitar progressos substanciais nos principais itens da agenda, como as reformas tributária e administrativa.
Sobre a administrativa, o deputado Arthur Maia, relator da reforma na Câmara, apresenta hoje à comissão especial o seu plano de trabalho. A expectativa é que as discussões avancem para o início do segundo semestre e que o projeto possa ir a plenário em agosto ou setembro.
Radar corporativo
Em destaque, o Plenário do Senado vai começar a analisar nesta quarta-feira (16) a medida provisória que trata da desestatização da Eletrobras (MP 1.031/2021). A MP está perto do fim de seu prazo de validade: se ela não for aprovada pelo Congresso Nacional até a próxima terça-feira (22), perderá seus efeitos. Se o Senado alterar o texto, a medida provisória terá de passar por uma nova votação na Câmara para ser definitivamente aprovada no Congresso. Se o prazo expirar sem que haja a aprovação, o governo federal não poderá enviar outra MP sobre o mesmo tema neste ano. A MP ainda não tem relatório, a ser apresentado nesta data pelo senador Marcos Rogério (DEM-RO).
A Ser Educacional anunciou que obteve financiamento de R$ 200 milhões com a International Finance Corporation (IFC), do Banco Mundial, para fortalecer a estratégia de crescimento e transformação digital. Segundo a Ser, os recursos serão usados para atualizar as plataformas de ensino à distância e desenvolver produtos para enfrentar a crise provocada pela pandemia de Covid-19.
A operadora de telecomunicações TIM anunciou nesta terça-feira a emissão de R$ 1,6 bilhão em debêntures vinculadas a metas de eficiência no consumo de energia elétrica e na ampliação da cobertura da tecnologia 4G no país.
A Engie Brasil Energia prorrogou em 120 dias prazo de direito de exclusividade concedido à Fram Capital em negociação para a venda do complexo termelétrico a carvão Jorge Lacerda, informou a companhia em fato relevante ao mercado nesta terça-feira. A prorrogação, segundo a Engie, visa a continuação do processo de due diligence para aquisição da totalidade da participação acionária na Diamante Geração de Energia, controlada da companhia que detém a totalidade dos ativos que compõem o complexo. Localizado em Capivari de Baixo (SC), o complexo tem capacidade instalada de 857 MW.
A Ambipar comunicou a compra da Ecológica Nordeste e da Ecológica Gestão Ambiental; os valores envolvidos não foram divulgados.
Credores da Samarco entraram na terça com um pedido na Justiça para que seja negada autorização para a mineradora receber um financiamento adicional de R$ 1,2 bilhão de Vale e BHP, sócias da empresa em recuperação judicial, e ainda proíba que a mineradora realize qualquer pagamento à Fundação Renova. Em documento entregue à Justiça na quinta, a Samarco afirmou ser fundamental que tenha acesso ao financiamento no curso da recuperação judicial, a fim de preservar sua atividade empresarial.
Em sua justificativa, eles argumentam que Vale e BHP deram empréstimos bilionários à mineradora nos últimos anos, “no intuito de que a Samarco fizesse frente sozinha aos aportes à Renova, como se apenas ela fosse responsável pelas obrigações socioambientais”. Ressaltaram ainda que o novo empréstimo junto às sócias, na modalidade DIP, prevê um juros de 9,5% ao ano, enquanto a Vale emite dívida a juros de 3,75% no exterior.
A Petrobras recebeu oferta da norte-americana Excelerate Energy de arrendamento do Terminal de Regaseificação de Gás Natural Liquefeito da Bahia e instalações associadas, segundo informações publicadas no site da companhia. Na proposta, única a ser recebida pela petroleira estatal, a norte-americana ofereceu o pagamento de cerca de R$ 3 milhões por mês, ou um total de R$ 92,142 milhões em 30 meses.
A Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) aprovou na terça aumento de 9,95% na tarifa da RGE Sul Distribuidora de Energia S.A., do grupo CPFL. O reajuste tarifário anual da empresa com sede em São Leopoldo (RS) valerá para cerca de 2,9 milhões de unidades consumidoras.
(com Reuters e Estadão Conteúdo)
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