O Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores brasileira (B3), fechou com valorização de 1,46%, aos 121.942,98 pontos. Em julho, o índice acumulou alta de 3,27%. As ações ordinárias da Petrobras (PETR3) fecharam com alta de 5,26%, para R$ 34,81, enquanto as preferenciais (PETR4) avançaram 4,54%, para R$ 31,11.
A queda dos preços da gasolina no país, consequência da política centrada no peso do combustível na inflação, colocou o etanol hidratado em xeque. Mesmo competitiva nas bombas, a alternativa mais limpa e renovável vem perdendo espaço para a rival fóssil. A queda das vendas e do preço do etanol começa a afetar as margens operacionais das usinas sucroalcooleiras e realimenta discussões sobre o futuro da matriz energética brasileira.
Consultorias apontam que a gasolina comercializada nos postos está cerca de 25% mais barata que no mercado externo, e os preços mais baixos, volta e meia realçados pelo presidente Lula e outros representantes do governo, têm seduzido os motoristas. Enquanto a venda do etanol nos postos engasga, a da gasolina dispara, obrigando o governo a aumentar compras no exterior.
As importações da Petrobras, segundo relatório de produção e vendas da empresa, cresceram 642,9% no segundo trimestre e 228,6% no primeiro semestre de 2023, em relação ao mesmo período do ano anterior. Já as vendas de etanol hidratado das usinas recuaram mais de 10% desde abril, mês que marca o início da safra 2023/24. Executivos do segmento afirmam que o metro cúbico do combustível chegou a sair de unidades produtoras no primeiro trimestre da temporada por pouco mais de R$ 2 mil, metade do valor do mesmo período do ciclo 2022/23.
“No etanol, nossas margens estão negativas. Há muita propaganda por aí de que os preços da gasolina estão mais baixos, mas uma defasagem de 25% entre o produto vendido aqui e o comercializado no mercado externo é muita coisa. Se a defasagem estivesse entre 5% e 10%, tudo bem. Mas 20%, 25%, é demais”, disse um graduado diretor de uma grande empresa sucroalcooleira ao IM Business.
Plinio Nastari, fundador e CEO da consultoria Datagro e um dos maiores especialistas no segmento sucroalcooleiro do país, calculou a defasagem em 26,3%, na última quinta-feira, e considera esse patamar muito significativo. “Afeta a competitividade do etanol hidratado, cujos preços estão baixos. É fato que o consumidor prefere gasolina mais barata, mesmo subsidiada, mas essa distensão não é sustentável no longo prazo e pode ter consequências sérias para o país como um todo”, afirmou.
O cenário é negativo para as usinas nessa frente mesmo considerando a receita gerada pelos CBios, os créditos que as produtoras podem gerar quando fabricam etanol (cada crédito representa uma tonelada de CO2 que deixou de ser emitida) e as distribuidoras de combustíveis têm que comprar para cumprir suas metas de descarbonização. Do início do ano até 21 de julho, foram emitidos 17,8 milhões de CBios, segundo dados registrados na B3.
A política de preços da Petrobras, anunciada em maio, permanece uma incógnita para o mercado. Desde que passou a valer, a paridade com as importações foi abandonada e a estatal já reduziu o preço da gasolina nas refinarias três vezes. Um erro de calibragem nos subsídios pode não só afetar o resultado da Petrobras, como ocorreu no governo Dilma, mas também desestruturar o setor sucroalcooleiro, que até agora não tem sido penalizado na bolsa.
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Até agora três fatores têm contribuído para mitigar, em parte, os efeitos negativos da política de preços da gasolina sobre as usinas sucroalcooleiras. Primeiro: as usinas têm tido bom resultado com o açúcar, que subiu cerca de 30% nas bolsas internacionais no primeiro semestre. Segundo: as vendas de etanol anidro, que é misturado à gasolina, também cresceram com a maior demanda pelo combustível fóssil. E, por último, as usinas devem também ter um alívio nos custos de insumos agrícolas, que foram um fator de pressão sobre os resultados na safra 2022/23, quando preços de fertilizantes subiram muito, primeiro pelo desarranjo da logística nas importações, com a eclosão da Covid, e depois com a invasão da Ucrânia.
Na B3, o comportamento das ações da Petrobras e dos grupos sucroalcooleiros listados não refletem os efeitos da política sobre a empresa de controle estatal e sobre o setor de açúcar e álcool. No ano, até 28 de julho, as ações ON da Petrobras subiram cerca de 38%, ao passo que os papéis de Raízen avançaram 14,5% e os de São Martinho, 24,9%. As três empresas foram procuradas, mas preferiram não conceder entrevistas.
Em relatório recente, a equipe da XP Research estimou crescimento de 52% na receita líquida da São Martinho com açúcar e queda de 57% da receita líquida com etanol de abril a junho, período em que o etanol pesou mais negativamente sobre os resultados das usinas, segundo analistas.
Mais açúcar e etanol para exportação
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Com a queda na demanda por etanol hidratado nos postos, as usinas têm direcionado um maior volume de cana à produção de açúcar e ampliado as exportações de etanol, que está mais valorizado no exterior.
Segundo a União da Indústria de Cana-de-Açúcar e Bioenergia (Unica), a moagem de cana no Centro-Sul do país, maior polo de produção da matéria-prima do mundo, chegou a 258,3 milhões de toneladas do início da safra 2023/24, em abril, até a primeira quinzena de julho, 10,1% mais que em igual intervalo do ciclo 2022/23. A produção de açúcar cresceu 21,9%, para 15,5 milhões de toneladas, e a de etanol avançou 6% e totalizou 12 bilhões de litros – 6,8 bilhões de hidratado (queda de 3,9%) e 5,1 bilhões de anidro (alta de 22,8%).
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Quando apresentou seus resultados no quarto trimestre do exercício 2022/23, a São Martinho sinalizou que essa será sua tendência para a safra 2023/24 como um todo. A empresa prevê que sua moagem de cana vá subir 7,4%, para 21,5 milhões de toneladas, com avanços de 14,4% na produção de açúcar, para 1,38 milhão de toneladas, e de 5,1% na fabricação total de etanol, para 944,9 mil metros cúbicos.
Combustível verde para fora do país
Mais rentáveis que as vendas domésticas, as exportações de etanol hidratado ganharam tração, mesmo com a desvalorização do dólar em relação ao real,. De acordo com dados da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), de janeiro a maio os embarques brasileiros somaram 519,9 mil metros cúbicos e renderam US$ 356,4 milhões, com incrementos de 69,7% e 72,5% ante o mesmo período de 2022, respectivamente.
Na mesma comparação, reclamam os usineiros, o volume das importações de petróleo do país aumentou 50,8%, para 7,8 milhões de metros cúbicos, e o custo cresceu 32,6%, para US$ 4,1 bilhões. No caso da gasolina A, o volume importado praticamente dobrou e atingiu 1,9 milhão de metros cúbicos, a um valor total 72,9% superior (US$ 1,1 bilhão).
A Petrobras, que responde por mais da metade das importações de gasolina do país, segue pisando no acelerador, em virtude do aumento da demanda interna. Suas importações do combustível fóssil aumentaram mais de sete vezes ante igual intervalo do ano passado, para 52 mil barris por dia.
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“É uma contradição. Poderíamos estar vendendo no país mais etanol hidratado, um combustível limpo e renovável, e importando menos petróleo e gasolina. É o futuro da matriz energética brasileira que está em jogo, além do atingimento de metas de redução de emissão de gases assumidas pelo Brasil em fóruns globais”, afirma um empresário do segmento.
Outro ponto destacado por um executivo é que o desestímulo ao etanol no país ocorre num momento em que alternativas como combustíveis sustentáveis de aviação (SAF, na sigla em inglês), por exemplo, ganham importância no mundo.
Em evento recente, a Raízen estimou que o etanol poderá ser a matéria-prima de 25% de todo o SAF produzido globalmente até 2030. Se o cenário se confirmar, a demanda por etanol se aproximará de 10 bilhões de litros.
Expectativa frustrada
Um usineiro com décadas de estrada lembra que o cenário de desestímulos ao uso do etanol no Brasil não é novo. Desde o início da década de 1970 as empresas do segmento convivem com períodos de dificuldades para a manutenção da rentabilidade da produção do combustível por causa de estratégias pautadas por vieses ideológicos, preços artificialmente baixos da gasolina (os empresários costumam destacar o governo de Dilma Rousseff) ou mudanças tributárias que minam a competitividade do etanol, como aconteceu no ano passado no governo Bolsonaro.
Curiosamente, o primeiro governo Lula conferiu ao etanol um status até então inédito no país, e promoveu o combustível como uma solução global defendida no exterior pelo então ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, em parceria com o governo dos EUA, grandes produtores de etanol de milho. “Daí porque a expectativa agora era grande. Esperávamos incentivo ao etanol, não o contrário”, conclui um usineiro
Por fim chega a tão aguardada semana de reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), a quinta em 2023. O Banco Central do Brasil começou a elevar os juros da economia em março de 2021. Na próxima quarta-feira (3), mais de dois anos depois, deve realizar o primeiro corte. Isso é o que prevê os 46 bancos e casas de análise ouvidos pela Refinitiv. A maioria, 78% dos consultados, acredita numa redução da Selic em 0,25 ponto percentual. Os demais fizeram uma aposta mais ousada, prevendo corte de 0,50.
O Itaú compartilha da opinião da maioria. Acredita que o BCB vai dar início ao ciclo de alívio monetário de forma cautelosa, dado que o núcleo e as expectativas de inflação continuam acima da meta, além da resiliência da atividade econômica e do mercado de trabalho.
“Na nossa visão, o balanço de riscos para a inflação vai continuar sendo descrito como simétrico e as autoridades devem manter expectativas de risco de desancoragem”, diz relatório escrito por Mario Mesquita, economista-chefe do Itaú.
Segundo ele, o Copom deverá indicar que vai conduzir a política monetária de acordo com a meta, avaliando a estratégia de política mais adequada para que essa convergência ocorra.
Assim, também vai ser importante monitorar o relatório Focus desta segunda-feira (31), com as previsões dos economistas para inflação, juros e Produto Interno Bruto (PIB) para 2023 e os próximos anos.
O Bradesco também aposta em um corte de 0,25 ponto percentual na quarta-feira e espera outras reduções em maior magnitude nas reuniões de setembro, novembro e dezembro, levando a Selic a 12% no final do ano.
Na agenda de indicadores econômicos, o principal destaque é a produção industrial do mês de junho, dado a ser divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na terça-feira (1). O consenso Refinitiv aponta para uma variação mensal de 0,3%.
A balança comercial do mês de julho também vai ser divulgada na terça e a média das projeções do mercado aponta para um superávit de US$ 8,223 bilhões.
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A primeira semana de agosto no Brasil também vai ser mercada pela retomada dos trabalhos no Congresso Nacional, com o fim do recesso. Assim, voltam à pauta a reforma tributária e o novo arcabouço fiscal, que depende de votação na Câmara dos Deputados para receber a sanção do presidente Lula.
Temporada de resultados do 2º tri ganha fôlego
Na agenda corporativa, o foco está nos resultados trimestrais das companhias listadas na Bolsa. Empresas de peso da carteira do Ibovespa vão divulgar seus números. O mais aguardado é o balanço da Petrobras (PETR3;PETR4), na quinta-feira (3), após o fechamento da Bolsa.
O Bradesco BBI projeta um lucro líquido de US$ 6,7 bilhões (-9% no trimestre), explicado por um impacto não caixa da valorização do real no trimestre. Enquanto isso, o FCFE (Fluxo de Caixa Livre) deve voltar a ser sólido.
O BBA, por sua vez, espera que a empresa reporte um lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda, na sigla em inglês) de US$ 12,4 bilhões, apresentando uma redução de 14% na comparação trimestral, devido a menores preços de petróleo e margens (rentabilidade) de refino.
E assim como nos últimos trimestres, as atenções vão se voltar aos dividendos distribuídos pela companhia.
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Na mesma noite de quinta-feira, o Bradesco (BBDC4) divulgará seus resultados do segundo trimestre. O consenso Refinitiv prevê lucro líquido de R$ 4,544 bilhões para o banco no segundo trimestre. A cifra é 35,46% menor que a registrada um ano antes, mas supera o lucro de R$ 4,280 bilhões dos três primeiros meses de 2023.
A média das projeções do mercado aponta ainda para receita líquida com juros de R$ 16,878 bilhões, menor que os R$ 18,371 bilhões do primeiro trimestre e dos R$ 19,163 bilhões de um ano antes.
“Esperamos que o banco confirme que o segundo trimestre de 2023 foi o pico da inadimplência”, afirmam os analistas do Itaú BBA. Contudo, a casa ainda prevê uma recuperação lenta para o banco em 2023, com riscos de que o guidance seja revisado pela administração.
A semana ainda vai trazer os balanços de EcoRodovias (ECOR3), Klabin (KLBN11), Suzano (SUZB3), CSN (CSNA3), TIM (TIMS3), Ambev (ABEV3), Lojas Renner (LREN3), dentre outros. Confira o calendário completo aqui.
Dados do mercado de trabalho são destaque nos Estados Unidos
Depois que o Federal Reserve decidiu por retomar o ciclo de aperto monetário nos Estados Unidos, as atenções se voltam para os indicadores do mercado de trabalho, um dos principais geradores de inflação do país.
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A maratona de dados começa na terça-feira com o relatório JOLTS, de vagas em aberto – o consenso Refinitiv prevê 9,620 milhões em junho, número levemente inferior ao registrado em maio (9,824 milhões).
A pesquisa ADP, de criação de empregos no setor privado, vai ser divulgada na quarta-feira (2) e a média da projeção de mercado aponta para 188 mil novas posições, menos da metade das 497 mil de junho – dado que surpreendeu e azedou o humor dos investidores.
Ambos os indicadores aquecem a divulgação do dado principal: o payroll do mês de julho, que vai ser apresentado pelo Departamento de Trabalho dos EUA na sexta-feira (4). O consenso Refinitiv prevê a criação que 200 mil empregos formais tenham sido criados no mês passado e que a taxa de desemprego, mais uma vez, tenha se mantido em 3,6%.
Na seara corporativa, a temporada de balanços do trimestre encerrado em junho continua e o grande destaque fica mais uma vez com as big techs. Na quinta-feira, saem os resultados da Apple (AAPL34) e da Amazon (AMZO34), após o fechamento do mercado.
O consenso Refinitiv prevê lucro líquido reportado de US$ 18,718 bilhões para a Apple no terceiro trimestre fiscal de 2023, encerrado no último mês de junho. A cifra é menor que os US$ 24,160 do trimestre anterior, mas 66,33% maior que o resultado de um ano antes. A média das projeções do mercado aponta para receitas de US$ 81,561 bilhões, menor que os US$ 94,386 bilhões obtidos nos três primeiros meses deste ano.
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Para a Amazon, o consenso Refinitiv prevê receitas de US$ 131,467 bilhões e lucro líquido reportado de US$ 3,760 bilhões.
Decisão do Banco Central inglês é destaque na Europa; atenção PMIs na China
Depois que o Banco Central Europeu decidiu por elevar os juros da economia do bloco em mais 25 pontos-base, a expectativa é que o Bank of England (BoE) vá pelo mesmo caminho em sua reunião de política monetária, que termina na quinta-feira. Assim, os juros básicos ingleses passariam a 5,25% ao ano.
O PIB preliminar da zona do Euro no segundo trimestre vai ser divulgado já nesta segunda-feira e a previsão é que desacelera em relação ao começo do ano, confirmando o que o BCE apontou na última semana. No mesmo dia também vai ser divulgado o índice de inflação do bloco, com expectativa de moderação, ainda que os preços continuem em patamares elevados.
Na Ásia, em meio a expectativas de estímulos à economia chinesa, uma leva de indicadores de atividade são esperados para os próximos dias, com índices de gerentes de compras (PMIs) que ainda tendem a se manter em território contracionista.
No primeiro semestre deste ano, 77,05% das negociações salariais superaram a inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), melhor resultado desde 2018. Os dados são do boletim Salariômetro, divulgado nesta sexta-feira (29) pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe). O Salariômetro analisa o resultado de 40 negociações salariais coletados no portal Medidor, do Ministério da Economia.
O reajuste mediano real dos salários nos seis primeiros meses deste ano foi 0,79% superior à inflação, o melhor resultado desde 2018, quando o reajuste médio foi de 0,81%. Segundo a Fipe, todos os seis meses do ano registraram reajustes reais acima da inflação.
Considerando-se apenas o mês de junho, o reajuste real mediano ficou 1,26% acima da inflação do INPC, com 87,6% das negociações salariais tendo superado a inflação.
A prévia do Salariômetro da Fipe para o mês de julho indica reajuste nominal mediano de 5% e que 90,4% das negociações devem resultar em ganhos acima do índice de inflação.
Ministro Fernando Haddad em 11/07/2023 — Foto: TON MOLINA/FOTOARENA/FOTOARENA/ESTADÃO CONTEÚDO
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, voltou a defender nesta sexta-feira (28) cortes na taxa de juros do país. Para ele, os ventos estão "favoráveis" para a economia brasileira, e está "mais do que na hora" de um alinhamento entre as políticas fiscal e monetária.
"Os ventos estão favoráveis. O mundo olha para o Brasil com outros olhos, mas está mais do que na hora de alinharmos política fiscal e monetária para o país voltar a sonhar com dias melhores", disse.
Em coletiva de imprensa no gabinete do Ministério da Fazenda em São Paulo, Haddad afirmou que o caminho para cortes na Selic está "pavimentado".
"No começo do ano, a pergunta era se o juro ia cair. Depois, passou a ser quando o juro ia cair. E, agora, quanto o juro vai cair", disse o ministro, que afirmou existir "muito espaço" para um corte de 0,50 ponto percentual na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), prevista para a semana que vem.
Na última decisão, em 21 de junho, o Comitê decidiu, pela quarta vez em 2023, manter a taxa Selic em 13,75% ao ano – patamar em vigor desde agosto de 2022. O colegiado afirmou, na ocasião, que a conjuntura seguia "demandando cautela e parcimônia".
Agências de risco
O ministro citou o movimento de elevação da nota de crédito do Brasil por agências de risco como um fator de reforço para a queda da Selic na próxima quarta-feira (2). Nesta sexta, a Austin Rating e a DBRS anunciaram a elevação de perspectiva do país em meio a "melhora do ambiente fiscal".
"Penso que, às vésperas de uma semana importante, diante da primeira reunião do segundo semestre do Copom, é importante salientar que o mundo inteiro já compreendeu que está acontecendo alguma coisa boa no Brasil", disse Haddad.
Agenda no Congresso
Sobre a reforma administrativa, Haddad afirmou que há diversos pontos da discussão que ainda devem ser considerados, e que os impactos do projeto não devem ser de curto prazo.
Começam a valer na terça-feira (1º) as regras de tributação para compras em sites estrangeiros de até US$ 50 (cerca de R$ 240 pela cotação atual) pelo programa Remessa Conforme. O Correios já começou a notificar os consumidores sobre a isenção de imposto.
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Para que o produto não esteja sujeito a tributação, a loja (nacional ou internacional) deve ser participante da iniciativa. "Informamos que o Programa Remessa Conforme oferece isenção de tributos para compras inferiores a US$ 50”, diz a notificação. “Essa isenção se aplica somente aos sites que optarem por cobrar os tributos antecipadamente."
Quando não houver a cobrança antecipada do imposto, a isenção é restrita a negociações entre pessoas físicas. Nos sites que aderirem ao programa, há cobrança de Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação (ICMS).
Remessas que chegam ao Brasil passam por inspeção não invasiva para confirmar dados e avaliar as mercadorias (ou identificar se são proibidas) mesmo quando elas não são tributadas. Depois dessa análise, as encomendas liberadas seguem para a entrega e as tributadas são informadas aos destinatários.
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As contas do governo federal registraram déficit primário de R$ 45,2 bilhões em junho, informou nesta quinta-feira (27) a Secretaria do Tesouro Nacional.
O déficit primário acontece quando a arrecadação com tributos fica abaixo dos gastos do governo (sem considerar o pagamento de juros da dívida pública). Quando as receitas superam as despesas, o resultado é de superávit primário.
De acordo com a série histórica do Tesouro Nacional, esse é o pior resultado, para este mês, desde 2021 – quando o rombo somou R$ 84,8 bilhões, em valores corrigidos pela inflação.
Em junho de 2022, as contas do governo registraram superávit de R$ 14,6 bilhões (valores nominais) ou de R$ 15 bilhões (valores atualizados pela inflação).
Segundo o Tesouro, o resultado negativo em junho deste ano é fruto de uma redução real (descontada a inflação) de 26,1% da receita líquida e um acréscimo real de 4,9% das despesas totais, na comparação com junho de 2022.
Isso porque, de acordo com a secretaria, duas receitas influenciaram o resultado de junho em 2022: concessão da Eletrobras e pagamento de dividendos pelo BNDES (o que não ocorreu em junho de 2023).
Já o aumento das despesas em junho deste ano é explicado, principalmente:
pagamento de benefícios previdenciários (+R$ 11,6 bilhões): o aumento é devido ao calendário de pagamento do 13º salário de inativos e pensionistas. Em 2022, o 13º foi pago em abril (R$ 6,7 bi), maio (R$ 29,3 bi) e junho (R$ 22,7), enquanto em 2023 está sendo pago em maio (R$ 7,3 bi), junho (R$ 30,9 bi) e julho (valores em termos reais);
despesas obrigatórias com controle de fluxo (+R$ 8,2 bilhões): o crescimento é explicado pelo aumento do pagamento do Bolsa Família e do Auxílio Brasil.
Acumulado do ano
Ainda segundo o Tesouro Nacional, no acumulado dos seis primeiros meses deste ano, as contas do governo registraram déficit de R$ 42,5 bilhões.
Com isso, houve uma queda na comparação com o mesmo período do ano passado, quando o resultado positivo somou R$ 54,3 bilhões. Em valores corrigidos pela inflação, o saldo positivo de janeiro a junho de 2022 foi de R$ 59 bilhões.
Segundo a Lei Orçamentária Anual (LOA) de 2023, a previsão de déficit para este ano é de R$ 228,1 bilhões, mas a expectativa do Ministério da Fazenda é terminar este ano com um rombo menor, próximo a R$ 100 bilhões.
Para o secretário do Tesouro Nacional, Rogério Ceron, algumas medidas que têm efeito sobre a arrecadação, como a reoneração dos combustíveis, vão impactar 'mais fortemente' no segundo semestre.
"Itens como reoneração de combustíveis, várias medidas que foram tomadas começam a impactar mais fortemente agora no segundo semestre (...) está dentro da nossa busca de continuar fazendo com que economia tenha bom desempenho", explicou Ceron.
A Americanas afirmou em relatório sobre sua recuperação judicial que demitiu 1.404 funcionários na semana entre os dias 17 e 24 deste mês, e que fechou uma loja no Mato Grosso do Sul, segundo documento publicado na noite desta quarta-feira (27).
Com as demissões, o número de funcionários da empresa que apresentou no início deste ano um dos maiores pedidos de recuperação judicial da história do país caiu a 35.741, de acordo com o relatório semanal.
A loja fechada está em Campo Grande (MS) e com o encerramento a base de pontos físicos de venda da empresa caiu a 1.825 no país.
As informações foram divulgadas no final de junho pelos administradores judiciais da varejista, a Preserva-Ação Administração Judicial e o Escritório de Advocacia Zveiter.
O relatório indicou também que a companhia tinha fechado 43 lojas de janeiro de 2023 até 18 de junho, chegando a 1.837 unidades no país, um recuo de 2,3% no período.
Os dados coletados pelos administradores mostravam ainda que o número de funcionários da varejista saiu de 40.426 em 13 de março para 36.971 em 18 de junho, uma queda de 3.455 colaboradores, ou de 8,5%.
Segundo os administradores judiciais, a Americanas foi obrigada a rever o modelo do negócio após o escândalo contábil.
Folha Mercado
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O Comitê de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) do Federal Reserve, o Banco Central dos Estados Unidos, decidiu por elevar os juros básicos da economia em 0,25 ponto percentual. Assim, a taxa passa a oscilar dentro de uma banda entre 5,25% e 5,50% ao ano.
A decisão foi unânime entre os membros do comitê e veio em linha com o esperado. O monitor de juros do CME Group apontou que uma fatia de 96,5% do mercado apostava em uma elevação dessa magnitude, enquanto 1,7% previa uma alta de 0,50 ponto percentual.
Os juros básicos dos EUA não chegavam a 5,5% desde janeiro de 2001. Na reunião de junho, o Fomc havia mantido os juros inalterados, após dez altas consecutivas.
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Na reunião junho, o Fed interrompeu o ciclo de aperto monetário iniciado em março do ano passado. De lá para cá, a autoridade elevou os juros por onze vezes. Mas a autoridade monetária já havia indicado ver mais duas altas até o final do ano.
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No comunicado que acompanha a decisão de hoje, o Fed afirma que a inflação americana continua elevada e deixou a porta aberta para mais uma alta nos juros.
“O Fomc vai continuar avaliando informações adicionais e suas implicações para a política monetária”, diz o texto. A linguagem usada pela autoridade monetária pouco mudou em relação ao comunicado do mês de junho.
O Fed afirma que segue avaliando a necessidade de extensão de uma política de aperto para trazer a inflação à meta de 2%.
Ainda que os índices inflacionários tenham arrefecido desde a reunião anterior, o Fed tem relutado em mudar seu discurso austero. Os preços seguem distantes da meta e o mercado de trabalho continua aquecido, com uma taxa de desemprego praticamente estagnada em 3,6%.
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No comunicado, o Fed reconhece que a economia americana está crescendo em ritmo moderado.
A próxima reunião do Fomc está marcada para os dias 19 e 20 de julho. São quase oito semanas em que a inflação pode seguir moderando e fazer com que a decisão desta quarta-feira seja a última alta de juros conduzida pelo BC americano este ano.
O Ministério da Fazenda anunciou nesta quarta-feira (26) um amplo pacote de medidas focadas em facilitar o acesso de estados e municípios a fontes de financiamento.
Ao todo, são 24 propostas (13 novas) separadas em cinco eixos no plano chamado "novo ciclo de cooperação federativa". O pacote foi apresentado pelo secretário do Tesouro Nacional, Rogério Ceron, após fala inicial do ministro Fernando Haddad (Fazenda).
As propostas, segundo o titular da pasta econômica, abrem um "ciclo de negociação para pensar o futuro da relação federativa". Haddad diz também que são medidas que "efetivamente vão alavancar os investimentos no país."
Como mostrou a Folha, a equipe econômica vai propor uma série de mudanças nas regras do chamado Regime de Recuperação Fiscal. O pacote inclui modificações na LRF (Lei de Responsabilidade Fiscal) e alterações na Capag (capacidade de pagamento) –a nota de crédito que classifica a saúde fiscal de entes subnacionais. Há ainda medidas de fomento a PPPs (parcerias público-privadas) e de revisão dos limites de operações de crédito.
"O conjunto de medidas é um alinhamento de incentivo para uma melhora fiscal, não para uma deterioração fiscal dos entes", diz Ceron. "Elas [medidas] vão para a direção correta, de mais investimento público, mais crescimento econômico e mais benefícios para a população que depende do estado para serviços públicos essenciais."
LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL
O Tesouro propõe uma nova regra na LRF para impedir o descasamento entre os recursos disponíveis em caixa de estados e municípios e as obrigações assumidas pelos entes, como pagamento de salários, por exemplo.
Em caso de descolamento, serão aplicadas medidas restritivas para novas despesas. A regra, que será proposta pelo governo por meio de um projeto de lei complementar e depende de aval do Congresso Nacional, entraria em vigor a partir de 2027, quando inicia o mandato dos governadores eleitos no ano anterior.
"A ideia não é criar constrangimento de curto prazo para ninguém. Vai ter um período de transição, ela [mudança] não vai afetar os mandatos vigentes, que já estão em curso, de prefeitos e governadores", afirma Ceron.
"Com isso, você sinaliza o horizonte. A partir dos próximos mandatos, de prefeitos a partir de 2025 e de governadores a partir de 2027, eles já entram sabendo a regra do jogo e começam esse processo de ajuste", acrescenta.
Para o secretário do Tesouro, o envio ao Congresso dos projetos para alterar a Lei de Responsabilidade Fiscal e Regime de Recuperação Fiscal em agosto não vai contaminar o debate sobre a reforma tributária e sobre o novo arcabouço fiscal. Ceron defende que essa é uma "pauta positiva" e não polêmica e diz esperar um "diálogo saudável".
RATING E OPERAÇÕES DE CRÉDITO
O Tesouro usa a Capag como um indicador da saúde das contas dos entes subnacionais e faz o cálculo com base em três indicadores (endividamento, poupança corrente e liquidez). Apenas estados e municípios com notas "A" e "B" na classificação têm acesso a crédito com aval da União.
Entre os ajustes na classificação propostos pelo governo, está a introdução de um critério alternativo para estados e municípios chegarem ao rating mais elevado. O tema será tratado em uma consulta pública, que ficará aberta por 30 dias.
A avaliação da resiliência financeira de estados e municípios que buscam ter nota A levará em conta não apenas a poupança corrente (15%), mas também o saldo de caixa livre. Caso esse saldo seja maior que 7,5% da receita corrente líquida, o ente com nota B poderá ser reclassificado no nível mais alto.
"Tirando a questão reputacional, de imagem, não tem diferença entre ser A e B. Nós entendemos que esse não é o bom sistema de alinhamento de incentivo", diz Ceron.
De acordo com o governo, a mudança beneficiaria estados como Ceará, Bahia, São Paulo e Paraná e mais de 400 municípios, incluindo as capitais Belo Horizonte, Porto Alegre, Salvador, Curitiba e outras.
Outra proposta é a gradação a partir de 2025 no percentual da operação garantida pela União variando de 70 a 100% a depender da nota Capag ser C, B ou A.
A Fazenda também prevê acabar com as restrições em termos de limites para operações de crédito para os entes com rating A e A+. Há ainda a proposta de criação de um processo acelerado ("fast track") para liberação de operações de crédito aos entes com "informações contábeis consistentes".
Essa avaliação será feita a partir de um ranking de qualidade da informação contábil e fiscal outros testes. Estados e municípios que receberam nota A no ranking no Siconfi (Sistema de Informações Contábeis e Fiscais do Setor Público Brasileiro) e na Capag ficariam com o selo A+.
A instituição do ranking e do prêmio qualidade da informação contábil e fiscal para entes da federação será feita por meio da publicação de uma portaria.
O governo indica ainda que instituições financeiras terão que respeitar limites máximos de taxa de juros em função das notas Capag dos entes nas operações de crédito com ou sem aval da União. De acordo com o Tesouro, há indícios de taxas abusivas, especialmente para estados e municípios de menor porte, nessas operações (acima 200% CDI).
MUNICÍPIOS DE PEQUENO E MÉDIO PORTE
Outra mudança, que nesse caso virá via decreto, é a redução do porte do município para aderir ao PEF (Plano de Promoção do Equilíbrio Fiscal).
Hoje, apenas municípios com mais de 1 milhão de habitantes podem celebrar acordos com a União quando possuem nota C na Capag. O número mínimo que passará a ser exigido para municípios com notas C ou D será de 200 mil habitantes. A medida pode beneficiar mais de 30 municípios, de acordo com estimativa do governo.
Quanto às operações de crédito de estados e municípios com garantia da União, hoje o valor mínimo é de R$ 30 milhões. O Tesouro Nacional propõe uma redução do piso para R$ 20 milhões e, no caso de operações em projetos de PPPs, para R$ 10 milhões.
A revisão será discutida na próxima reunião do CMN (Conselho Monetário Nacional) –colegiado formado pelos ministros Haddad e Simone Tebet (Planejamento) e pelo presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto.
Na avaliação da pasta econômica, o montante atual inviabiliza o acesso a crédito a custos competitivos aos municípios de menor porte, mesmo entre aqueles com boa situação fiscal.
APOIO A PROJETOS DE PPPS E CONCESSÕES
O plano do governo também estabelece que a União só irá conceder garantias nas operações de crédito a estados e municípios para instituições financeiras que cumprirem contrapartidas mínimas. De acordo com a proposta, a contrapartida seria equivalente a 0,5% dos valores contratados, podendo ser por meio de apoio financeiro direto ou prestação de serviços. A introdução e o detalhamento delas serão publicados em portarias.
Além disso, a Fazenda propõe alterar a legislação vigente para permitir que bancos públicos possam oferecer garantias da contraprestação integral de PPPs de estados e municípios e não somente a parcela de amortização dos investimentos.
Segundo estimativa do Tesouro, a medida tem potencial para gerar R$ 500 milhões em contrapartidas das instituições financeiras até 2026 e viabilizar a estruturação de mais de 150 projetos de PPPs e concessões nesse período.
A fase ruim do Santander Brasil (SANB11) ainda não ficou para trás. O banco reportou um lucro líquido gerencial de R$ 2,259 bilhões, cifra 44,7% menor que a contabilizada no mesmo período do ano passado — e que ficou aquém das expectativas do mercado. Na base trimestral, o lucro aumentou 5,5%.
A média das projeções de sete grandes casas de análise ouvidas pelo Seu Dinheiro apontava para um ganho de R$ 2,468 bilhões entre abril e junho deste ano. O resultado ficou abaixo até mesmo da mais pessimista das previsões, do UBS BB, que esperava lucro de R$ 2,271 bilhões.
Em termos recorrentes — que desconsideram provisões adicionais, passivos fiscais, impostos extraordinários e a venda de participação na Webmotors —, o lucro gerencial do Santander no trimestre foi de R$ 2,309 bilhões, queda de 43,4% em um ano e alta de 7,9% ante os três primeiros meses de 2023.
A rentabilidade (ROAE) do Santander ficou em 11,2% no trimestre encerrado em junho, uma melhora de 0,7 ponto percentual (p.p.) em relação aos três primeiros meses do ano. Ainda assim, o dado também ficou ligeiramente abaixo das projeções dos analistas, que apontava para um índice de 11,6%.
"Começamos a sentir os efeitos positivos da maior seletividade de crédito aplicada a partir do final do quarto trimestre de 2021", escreve Mario Leão, CEO do Santander Brasil, em mensagem aos acionistas. "Além disso, a margem de mercados apresentou evolução relevante no trimestre por conta da reprecificação do banking book, e possui viés de baixa ao longo do ano".
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E isso porque o Santander é o mais afetado pelo parecer da Corte, com impactos que poderiam superar os R$ 4 bilhões. Mas, ao menos neste segundo trimestre, o banco dá a entender que não tomou nenhuma decisão sobre o que fazer.
O Santander apresentou duas fórmulas de cálculo do chamado 'resultado bruto de créditos de liquidação duvidosa', o nome formal das provisões. E, em ambos, houve uma redução do montante em relação ao primeiro trimestre deste ano, quando foi considerada a perda de 100% dos empréstimos à Americanas.
Indo aos números: considerando todos os efeitos extraordinários ocorridos no semestre, o total provisionado foi de R$ 4,53 bilhões, cifra 59% menor que os R$ 11 bilhões vistos no primeiro trimestre; sem levar as questões não recorrentes em conta, as provisões caíram 11,6%, a R$ 5,98 bilhões.
O Santander não dá maiores explicações quanto ao comportamento das provisões e não cita, em momento algum, o entendimento do STF.
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Santander Brasil: inadimplência em alta
O índice de inadimplência do Santander segue mostrando tendência de alta, conforme esperado pelos analistas: chegou a 3,3% no trimestre encerrado em junho, ligeiramente acima dos 3,2% registrados em março — e 0,4 p.p. maior que o patamar de junho de 2022.
A piora, como imaginado, ocorreu especialmente entre os clientes pessoa física: no segmento, o índice total subiu de 4,5% em março para 4,8% em junho; há um ano, era de 4,1%. Entre as pessoas jurídicas, o patamar ficou estável em 1,4% na virada dos trimestres; em março de 2022, estava em 1,1%.
Carteira de crédito menor que a do 1T23
Para a carteira de crédito, a expectativa dos analistas consultados pelo Seu Dinheiro era de expansão tímida — e, de fato, o Santander Brasil mostrou uma evolução pequena na base anual: alta de 6,6%, para R$ 499,298 bilhões, com expansão em todos os segmentos atendidos pelo banco.
Essa cifra, no entanto, pode trazer preocupação ao mercado, uma vez que também indica uma ligeira contração em relação ao primeiro trimestre do ano, quando a carteira totalizava R$ 500,3 bilhões.
Em relação aos três primeiros meses de 2023, chama a atenção a queda de 1,4% na carteira destinada às grandes empresas, que somou R$ 139,7 bilhões — nos segmentos de pessoa física, financiamento ao consumo, e pequenas e médias empresas, houve expansões de menos de 1%.
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Santander: margens melhores
A margem financeira bruta do Santander Brasil no segundo trimestre de 2023 foi de R$ 13,579 bilhões, alta de 3,3% em relação aos três meses anteriores — houve uma melhora tanto na margem com clientes quanto na tesouraria.
No caso da margem com clientes, os spreads recuaram 0,2 p.p., para 9,9%, dada a postura mais seletiva na originação de crédito. No entanto, esse efeito foi mitigado pelo aumento de 2,5% no volume médio e pelo maior número de dias corridos no trimestre.
Já o resultado de tesouraria ficou negativo em R$ 843 milhões, uma perda 28% menor que a vista no primeiro trimestre — a sensibilidade negativa à curva de juros é apontada pelo banco como fator que influencia a melhora.
Receitas de tarifas e serviços melhoram
Outro ponto que mostrou uma melhora gradual neste segundo trimestre foi a geração de receitas de tarifas e serviços, totalizando R$ 4,81 bilhões, alta de 2,4% em relação aos três primeiros meses de 2023.
Em termos de volume, os cartões foram o segmento mais relevante para o Santander Brasil e responderam por R$ 1,371 bilhão, crescendo 1,5% na base trimestral; em seguida, aparece a linha de conta corrente, com expansão de 0,8%, a R$ 1 bilhão.
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Em termos de crescimento percentual, destaque para a corretagem e colocação de títulos, com aumento de 19,4% entre os períodos, para R$ 428 milhões. Por fim, duas áreas apresentaram contração: administração de fundos e consórcios, com R$ 339 milhões (-2,9%) e cobrança e arrecadações, com R$ 323 milhões (-1,3%).
Fitch rebaixou nota do Brasil para o último patamar dentro do grau de investimento — Foto: Reuters
A agência de classificação de risco Fitch elevou a nota de crédito do Brasil de BB- para BB, com perspectiva estável. O país havia sido rebaixado para o patamar BB- em 2018, em meio à crise nas contas públicas e pela não aprovação, na época, da reforma da Previdência no governo de Michel Temer.
"A atualização do Brasil reflete um desempenho macroeconômico e fiscal melhor do que o esperado em meio a sucessivos choques nos últimos anos, políticas proativas e reformas que apoiaram isso e a expectativa da Fitch de que o novo governo trabalhará para melhorias adicionais", diz o comunicado da Fitch.
A nova classificação ainda indica um "grau especulativo" — o que, segundo as agências de risco, aponta que o Brasil está menos vulnerável ao risco no curto prazo, mas segue enfrentando incertezas em relação a condições financeiras e econômicas adversas. (saiba mais sobre as notas de crédito abaixo)
A agência, contudo, indica que o Brasil alcançou progresso em importantes reformas para enfrentar os desafios econômicos e fiscais desde seu último rebaixamento. O relatório pondera ainda que, apesar de o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) defender "um afastamento da agenda econômica liberal dos governos anteriores", a agência espera que desvios sejam contidos pelo "pragmatismo e pelos freios e contrapesos institucionais".
A posição fiscal está se deteriorando em 2023 após uma melhora anterior, mas a Fitch espera que novas regras fiscais e medidas tributárias ancorem uma consolidação gradual. A Fitch ainda projeta que a dívida/PIB aumente, mas em um ritmo mais lento e a partir de um ponto de partida muito melhor do que o previsto anteriormente.
— Fitch Ratings
Em nota, o Ministério da Fazenda reiterou seu "compromisso com a agenda de reformas em curso" e diz que contribuirá "não apenas para o melhor balanço fiscal do governo, mas também levará à redução das taxas de juros e à melhoria das condições de crédito, ao mesmo tempo em que assegurará a estabilidade dos preços".
"Desta forma, serão criadas as condições para a ampliação dos investimentos públicos e privados e a geração de empregos, aumento da renda e maior eficiência econômica, elementos essenciais para o desenvolvimento econômico e social do país", diz a pasta.
Pontos positivos e negativos
A agência Fitch lista ainda alguns dos motivos que beneficiam e prejudicam a nota de crédito do Brasil. Segundo a agência, além dos próprios avanços de controle fiscal nos últimos anos, os ratings do Brasil são sustentados por:
uma economia grande e diversificada;
alta renda per capita;
um grande mercado doméstico;
um grande colchão de caixa que sustenta a flexibilidade de financiamento soberano;
sua alta parcela da dívida em moeda local;
capacidade de absorção de choques, sustentada por uma taxa de câmbio flexível;
reservas internacionais robustas;
uma posição soberana líquida de credores externos.
Por outro lado, a Fitch indica que os ratings do país são limitados especialmente pela:
alta dívida do governo,
rigidez fiscal,
fraco potencial de crescimento econômico
pontuações de governança relativamente baixas.
Como funcionam as notas de crédito?
As agências têm uma longa escala de classificação, com mais 20 notas. Em resumo, são dois terrenos e uma muralha: quem está a partir de um determinado nível tem o carimbo de grau de investimento. Quanto mais longe do muro, mais eficiente, confiável, robusta é a economia e menor o seu risco.
O grau de investimento é um selo de qualidade que assegura aos investidores um menor risco de calotes. A partir da nota de risco que determinado país recebeu, os investidores podem avaliar se a possibilidade de ganhos (por exemplo, com juros maiores) compensa o risco de perder o capital investido com a instabilidade econômica local.
E o inverso é verdadeiro: quando o país perde o status de grau de investimento, é comum que perca possibilidades de investimento. Alguns fundos de pensão internacionais, de países da Europa ou Estados Unidos, por exemplo, seguem a regra de que só se pode investir em títulos de países que estão classificados com grau de investimento por agências internacionais.
Segundo analistas de mercado, historicamente, países costumam levar cerca de 5 a 10 anos para recuperar o selo de país bom pagador.
Investing.com – Economistas esperam inflação e dólar menores neste ano, segundo divulgado pelo Banco Central nesta terça-feira, 25.
Confira abaixo as expectativas para , , e :
Inflação
Os economistas consultados pelo BC cortaram as projeções para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 2023 de 4,95% para 4,90%, enquanto o centro da meta do ano é de 3,25%.
As estimativas para 2024, horizonte da política monetária do Banco Central, foram reduzidas de 3,92% para 3,90%. Para 2025, as perspectivas recuaram de 3,55% para 3,50%.
Selic
Os economistas mantiveram a projeção da taxa básica de juros deste ano em 12%. A expectativa é de início do ciclo de afrouxamento para 2023, pois a Selic está em 13,75% hoje.
As projeções para 2024 e 2025, foram mantidas em 9,5% e 9%, respectivamente.
PIB
Os economistas mantiveram as expectativas do crescimento da economia brasileira em 2023 em 2,24%.
Para 2024, as projeções do PIB ficaram iguais, em 1,30%, enquanto para 2025 registraram acréscimo de 1,88% para 1,90%.
Dólar
Em relação ao dólar, as apostas para 2023 caíram de R$5 para R$4,97. Para 2024, a projeção foi mantida em R$5,05. Em 2025, a projeção foi reduzida de R$5,15 para R$5,12.